2.11.04

E de repente, eu era a participante impopular de um Big Brother forçado.
Ela se fechava e lia um livro inteiro num dia, de biquíni ou de pijama, no sofá, na sala de tv, na piscina. Infelizmente ela só havia trazido dois livros e os dias eram quatro.
Meu infame padrasto convidou, à minha extrema revelia, três estudantes da PUC de 21 anos de idade, do sexo masculino, cujos maiores interesses, pelo que pude atestar em quatro dias de aconselhável distância, eram hip-hop-trilha-de-malhação, batidas de carro, vodca, motocicletas barulhentas, pegar mulher e as boates de Itaipava e... e... sacoé?. Sacoé? como vírgulas. E, é claro, bróder como aposto. Me convidaram pra ir com eles. Disse que tinha perdido a fé nas boates de Itaipava aos 16 anos.
E alugavam a TV. Minha estratégia foi alugar o DVD mais mulherzinha impossível, tanto que se chamava Adoráveis Mulheres, inspirado no Mulherzinhas da Alcott... com a Winona Ryder, a Susan Sarandon, a Claire Danes e a Kirsten Dunst criancinha. Efeito imediato, pensei, maquiavélica.
O primeiro não durou 15 minutos. Os outros dois dormiram estranhamente enroscadinhos no colchão de casal da sala de tv, sob o mesmo edredon, com direito a ronco e quase-abraço. Acordaram pulando pra longe um do outro, pigarrearam bem macho e deixaram a sala após 1h e 40 de filme. Vitória.
Na terça, surge o fruto daquela união bastarda. Minha mãe, que ainda se incomodava, àquela altura, em contá-los, repara que, além de Jimmy, Jeffy and Jamie, há um quarto; diz ela mesma: estão se multiplicando!
Penso horrorizada: Sim! Eles estão se multiplicando! Como gremlins!
Moral da história: se você estiver com bichos deste tipo em casa, nada de vodca após a meia-noite.