11.6.04

Soltando os cachorros

Gente louca do meu prédio. Pensa que acabou? Pois nunca acabará!
Outro dia fui pegar minha bicicleta e a velha estava lá, com sua cara de maluca e o cachorro castanho na coleira. No meio do caminho. Eu fui me aproximando, nada da mulher sair. Nem o cachorro. Resolvi passar pelo cantinho.
O cachorro latiu. Aquele tipo de latido rancoroso que começa com um rosnado surdo e termina com um AU grave, forte, que reboa. Reconheci-o: era o latido que me acordava algumas vezes depois das 10 da noite e quase sempre às 3 da tarde.
O cachorro latiu de novo. E de novo. Querendo atacar. E a velha, de braço flácido segurando a coleira, dirigia-se ao cachorro sem ter me dado bom-dia:
- Olha, Flufi (não lembro se era Flufi, mas era um nome idiota desses). A moça vai pegar a bicicleta. Olha, a moça está pegando a bicicleta. A moça vai andar de bicicleta, Flufi.
Cada vez mais o cachorro reboava alto com rancor, a mulher descrevia o que eu estava fazendo como que a um bebê e eu arregalava os olhos, perdoando o cachorro. A culpa obviamente não era dele. A dona dele é que precisava ser adestrada.
- Olha, Flufi, a moça tá indo embora...