13.1.05

E o que disse pulando um post o de abaixo era um prelúdio para explicar aos que não me conhecem (ou não conhecem tão bem) que eu fui mimada. Tanto que um dos meus apelidos foi Anta Mimada. O outro foi Canibal, pronunciado, conforme o humor, como nibal ou Cabal. D'après Hannibal Lector. É sério. Depois eu conto isso direito. O que interessa é que a minha metade antropofágica odiava a criancinha estragada - spoiled, me estragaram, fui estragada de verdade. A criancinha, sabendo-se estragada e não suportando atender as próprias vontades insaciáveis, também se odiava. É por isso que vamos dar um jeito nela. É por isso que estou tão animada com a possibilidade de ter que ralar, fazer a comida, lavar a louça e a roupa, fazer as compras e a limpeza num apartamento só meu. Vamos desestragar essa criança. Mas com algum amor, é claro: designo as pernas para me carregarem por cinco quilômetros para buscar alguns treats para a criancinha: luz negra e copos clássicos de milk-shake. E copos grandes, de boca larga, que ela terá que segurar com as duas mãos. E pratos que não tenham motivos de louça pseudo-inglesa. Ai-ai. Pareço uma patriçoca, uma bichinha de anedota, nervosérrima, mordendo as unhinhas: como? não pode ser! não há copos de 750ml em V nesta cidade? Estão em falta, madame. (A escassez de copos decentes ocorre do Rio Sul à Teófilo Otoni. Investiguei. Acabei descobrindo que a fábrica de copos decentes deu férias coletivas e volta dia 15.) Mesmo assim caminhei pela cidade toda e não comprei quase nada. Maldito Natal. (Dezembro agora tem mais casamentos que maio, o mês das noivas. Você sabia disso? Eu nem sei como eu sei isso). Daqui a pouco prendo a respiração até ficar vermelha.