31.1.05

Eureka

Mas era CamilaCamila! Baixava a minha cabeça pra tudo - e sem perceber.
O problema, na verdade, era que eu nasci a filha perfeita - ou quase, porque apesar de não chorar, não espernear, não gostar de brinquedos caros, ser fofinha, educada, boa aluna, não gostar muito de bala nem de coca-cola, não fazer xixi na cama, não falar palavrão e ainda ser evangélica, tinha idéias muito perigosas, como planos para o crime perfeito, ou, textualmente, vovó, porque homem não fica com homem e mulher não fica com mulher? e devaneios muito sérios, que me faziam me perder no supermercado, e também perder dinheiro e objetos em todo lugar. Mas eles não nasceram os pais perfeitos, o olho cresceu, ficaram mal-acostumados, entende? É daí que vem a expressão, muito sábia, como educar seus pais - nisso eu fui péssima!
Não são as pessoas desobedientes, nem sempre. As pessoas que não sabem o que mandar, ou para onde direcionar aqueles que querem obedecer, são outro grande, mas muito grande, problema.
E de repente surgiu alguém - não metaforicamente - que todo mundo considerava chato, pelo menos foi o que ele disse, e começou a me fazer pensar sobre o que eu nunca pensava. Começou a chamar a minha atenção para alguns dos meus atos infundados.
Por que você tem que dizer sim a isso? Por que você tem que ir junto? Por que você...?
É, realmente...
Claro. Claro que ele é chato. Ele mostra tudo o que as pessoas se esforçam tanto pra não ver...
que hoje em dia todo mundo quer pegar leve
Ele me fez ver opção. Tanto que vi um montão de opções escondidas, descobri todos os easter eggs, hidden rooms, bonus stages da minha vida. Parte de fazer opção é optar, portanto optei por ele, como posso des-optar a qualquer momento - e enquanto me sentir livre assim, hei, não quero saber de outra coisa.