26.2.05

Me deparo com a história de São Francisco de Assis e de Santa Clara (a "luz do mundo"), que eram grandes amigos. Ele falava com os animais e sua oração mais famosa era aquela em que frades e irmãs representavam um diálogo dos lados masculinos/femininos da natureza ("Irmão Sol, Irmã Lua" etc.). Inspirada por Francisco, a bem-mais-nova Clara fugiu de casa de madrugada, aos dezessete anos (idade passando da casadoira), cortou os cabelos curtos e dedicou o resto da vida ao impalpável.
Tudo isso é incrivelmente parecido com o livro novo, "A feia noite" - in a twisted way of course. Ele é todo construído em termos de oposições e espelhos. Tanto que, muito depois de ter chamado a moça que vive de noite de Maria Luiza, me ocorre ser óbvia e mudar o nome dela para Luzia ou até Clara, como uma espécie de ambigüidade: ironia ou verdade, ela ser a luz do mundo? Mas deixo Maria Luiza.
O Francisco do livro era Francisco por corresponder à idéia que eu fazia do personagem ao começar - essencialmente, um santo. No fim é que googlei a história do santo para saber mais e descubro estes pontos de contato que me deixam passée composée.
Um pouco antes também tinha escrito:

"Fossem outros os tempos, poderiam rezar juntos, escrever juntos, se drogar juntos, se matar juntos ou matar juntos. Esta última ainda era uma opção, mas teriam que se importar bem mais com os outros para decidir sabiamente a respeito de quem e como. E a sabedoria estava em jogo."