30.4.05

The O Word

Macbetto.
- Espero que não seja ruim como algumas vezes.
- Mas será que eu vou saber se foi ruim?
- Claro! Você tem ouvido.
- Tenho?
Tinha, o suficiente pra saber que o Macbeth era meio magrinho para o papel (e arregalava os olhos em todas as cenas como se fosse plof, explodir), e a búlgara que fazia a Lady Macbeth era boa, muito boa, cheia de estofo, apesar de ter gritado um pouco no que li que se chamava cabaletta.
A música de Verdi é linda. Gostei de todos os coros. Gostei das bruxas, do balé, e dos demônios paramentados que andavam sobre os pés e as mãos. Gostei dos figurinos.
Crianças assustadoras não são prerrogativa de filmes japoneses.

Me apontaram a Bárbara Heliodora, a Natália Thimberg e a Ana Botafogo. Assustei com a quantidade de velhos: fui procurar a minha companhia - roupa preta e cabelos brancos - e era como procurar uma branquela de cabelos pretos num show do Evanescence. Mas encontrei. Depois, quase na hora do espetáculo, chegou um bocado de jovens; uns envolvidos com música clássica (bailarinos, cantores, instrumentistas), outros "sofisticados" (óculos quadradinhos, cabelos esquisitos).

Os aposentados pagam meia só nas galerias (dois grandes lances de escada), mas os estudantes podem escolher o lugar pagando meia. Ok, dizem que as galerias são os melhores lugares, mas a platéia também não é nada mau - podiam poupar os velhinhos da escalada. O intervalo eles passam quase todo descendo e subindo de volta.